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Mais de 4 mil famílias estão em situação de rua em Porto Alegre, mas prefeitura tem menos de 300 vagas em albergues

Até abril deste ano, 4.549 famílias inscritas no Cadastro Único estavam em situação de rua na capital. Enchentes e frio impactam realidade da população. ...

Mais de 4 mil famílias estão em situação de rua em Porto Alegre, mas prefeitura tem menos de 300 vagas em albergues
Mais de 4 mil famílias estão em situação de rua em Porto Alegre, mas prefeitura tem menos de 300 vagas em albergues (Foto: Reprodução)

Até abril deste ano, 4.549 famílias inscritas no Cadastro Único estavam em situação de rua na capital. Enchentes e frio impactam realidade da população. Albergues da prefeitura recebem população em vulnerabilidade social Divulgação/PMPA A Prefeitura de Porto Alegre oferecia 272 vagas para pernoite voltadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social na cidade até terça-feira (2). O número contrasta com a quantidade de moradores em situação de rua na capital: até abril deste ano, 4.549 famílias inscritas no Cadastro Único estavam nessa condição, segundo dados do Governo Federal. Três albergues da cidade fornecem o serviço pernoite, que é utilizado por cerca de 200 pessoas diariamente, segundo o município (veja locais abaixo). 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Em nota, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), que é parte da prefeitura, afirma que, das mais de 4 mil pessoas em situação de rua autodeclaradas, cerca de mil contam com acolhimento institucional, nas diversas modalidades, e outras 2,5 mil acessam serviços e são acompanhadas por equipes do órgão municipal (leia a íntegra abaixo). A estratégia do órgão é baseada no convencimento das pessoas para superar a situação de rua. "Devido a vínculos familiares rompidos e outras fragilidades, a maior parte dessa população opta por não aderir ao acolhimento institucional por não se adaptarem às condicionalidades, como horários de chegada e saída e outras regras para organização e segurança", justifica a Fasc. O órgão diz que a situação piorou significativamente a partir da pandemia de Covid-19. Mais de mil pessoas foram morar nas ruas em menos de um ano na capital. Um relatório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, com dados de julho do ano passado, apontou que 3.306 pessoas estavam nessas condição na capital. O número chegou a 4 mil em dezembro. LEIA TAMBÉM: Defesa Civil confirma 180ª morte decorrente da enchente no RS; 32 seguem desaparecidos Roupas congeladas e boneco de 'neve': veja imagens do frio em Panambi Frio e enchente impactaram situação As enchentes, que deixaram 180 mortos no Rio Grande do Sul, afetaram o cotidiano da capital. Ao todo, em Porto Alegre, 160,2 mil pessoas foram atingidas. A água impactou o dia a dia de moradores em situação de rua da capital, de acordo com a professora de Antropologia da UFRGS Patrice Schuch. "[Os alagamentos] tiveram um reflexo direto na filantropia direcionada à população de rua, já que as doações foram direcionadas aos abrigos, em que muitos da população de rua não estavam abrigados", revela a especialista. A antropóloga afirma que vagas em pensões e albergues são historicamente menores do que o número estimado da população de rua e que, com a chegada do inverno, a situação piora, pois muitas pessoas não querem abandonar os próprios espaços, itens, pessoas de convívio e animais de estimação. A professora também afirma que parte das pensões em contrato com a prefeitura podem se encontrar em condições precárias, cenário visto em abril em unidades da rede Pousada Garoa, após um incêndio vitimar 11 pessoas em uma pensão na Região Central da capital. Pousada atingida pelo incêndio é da rede Garoa "Questões relacionadas à ideia de que não deve haver população de rua na cidade podem provocar pensamentos de que qualquer vaga serve, quando na verdade precisamos discutir as formas em que tais vagas são oferecidas e como é o serviço destinado ao atendimento à população de rua", complementa. Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos detalham que, até segunda-feira (1º), foram registradas 22.379 violações aos direitos humanos, incluindo maus tratos, exploração sexual, tráfico de pessoas e direito à moradia, que é um direito social. Em todo o país, o número chega a mais de 2,1 milhões. Estrutura e apoio Os albergues ofertados pela prefeitura gratuitamente têm hospedagem com dormitórios, cuidados de higiene e alimentação. Mulheres e homens podem acessar os abrigos diretamente, de forma espontânea. Onze equipes de abordagem da Fasc atuam diariamente nas ruas das 8h30 às 17h30. Já a abordagem da ronda noturna funciona das 20h às 23h. A prefeitura também disponibilizou, temporariamente, o Ginásio do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), no bairro Santana, para abrigar a população com uma maior demanda no inverno. O local começou a operar na sexta-feira (28) e deve abrir somente mediante temperaturas mínimas inferiores a 5 graus. Locais de atendimento na capital Espaços com acesso espontâneo para mulheres e homens (19h às 7h): Albergue Dias da Cruz (Avenida Azenha, 366 - Azenha) Albergue Acolher I (Rua Dr. João Simplício, 38 - Vila Jardim) Albergue Acolher II (Rua 7 de Abril, 315 - Floresta) Nota da Fasc De acordo com a equipe técnica da Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), a população adulta representa a média de 35% do movimento do núcleo de acolhimento, grande maioria homens na faixa etária entre 45 e 59 anos. Devido a vínculos familiares rompidos e outras fragilidades, a maior parte dessa população opta por não aderir ao acolhimento institucional por não se adaptarem às condicionalidades, como horários de chegada e saída e outras regras para organização e segurança. Atualmente, Porto Alegre tem mais 1 mil pessoas em acolhimento institucional nas diversas modalidades. Em Albegues, são 272 vagas para pernoite. A população em situação de rua aumentou significativamente desde a pandemia. A estratégia do Serviço Especializado de Abordagem Social da FASC é baseada no convencimento das pessoas para superação da situação de rua e não na higienização. Para acionar a Central de Abordagem basta ligar para 156 opção 7. VÍDEOS: Tudo sobre o RS